details-image set, 20 2025

Do 0–2 ao 3–2 em 41 minutos. Foi assim que o Ciutat de València viu uma virada que diz muito sobre a cabeça deste time: quando parece que acabou, ainda tem jogo. Pela 2ª rodada da LaLiga EA Sports 2025/26, em 23 de agosto, o Barcelona transformou um primeiro tempo ruim em uma vitória fora de casa contra o Levante, decidida nos acréscimos por um gol contra de Unai Elgezabel após cruzamento de Lamine Yamal.

Virada heróica em Valência

O roteiro começou torto para o visitante. O Levante foi direto ao ponto desde o início, venceu duelos por cima e por baixo e se adiantou aos 15 minutos: Iván Romero apareceu bem entre os zagueiros e tocou para o fundo da rede, abrindo o placar e inflamando a torcida. A equipe da casa não tirou o pé e apertou a saída, bloqueando linhas de passe curtas. Quando recuperava a bola, acelerava pelas pontas com transições rápidas.

O golpe mais duro veio aos 45+7. Já nos acréscimos, José Luis Morales converteu pênalti e levou o Levante ao intervalo com 2–0, um placar que premiava a leitura do jogo dos anfitriões: linhas compactas, coragem para morder alto e eficiência na área. Pablo Cuñat, no gol, transmitia confiança. À frente dele, Unai Elgezabel, Jorge Cabello, Adrián de la Fuente e Manu Sánchez fecharam espaços. No meio, Jeremy Toljan, Orio Rey e Pablo Martínez trabalhavam coberturas e primeiras bolas, enquanto a frente com Morales, Roger Brugué e Romero puxava os contra-ataques.

No vestiário, o Barcelona mexeu menos nos nomes e mais nas ideias. A equipe voltou com outra cara: circulação mais veloz, mais amplitude pelos corredores e um bloco de pressão que encurtou o campo. Pedri passou a receber de frente, com liberdade entre as linhas, e o time ganhou metros sem rifar a bola. O efeito foi imediato.

Logo aos 49, Pedri limpou a jogada na entrada da área e bateu com precisão para reduzir. O gol devolveu a confiança que faltara no primeiro tempo. Três minutos depois, no 52, Ferran Torres apareceu como atacante de área para completar a jogada e empatar: 2–2, em seis minutos de avalanche. O Levante, que se mantivera seguro até ali, sentiu a pressão e foi empurrado para trás.

A partida virou uma guerra de nervos. O Barcelona empurrou, o Levante tentou esfriar, e os espaços começaram a aparecer nos dois lados. Quando o empate parecia assentado, o lance decisivo. Aos 90+1, Lamine Yamal atacou o lado direito, cruzou forte e rasteiro, e a confusão tomou conta da pequena área: Cuñat deixou a bola para a defesa, ninguém afastou com clareza, e Unai Elgezabel acabou desviando contra o próprio patrimônio. Gol contra, virada consumada e três pontos que soaram como afirmação.

O jogo, os detalhes e o recado para a temporada

O jogo, os detalhes e o recado para a temporada

O primeiro tempo explicou por que o Levante quase venceu: organização, disciplina e agressividade mensurada. O time local venceu muitas segundas bolas, fechou o corredor central e forçou o adversário a forçar passes. Sempre que recuperava, acelerava em poucos toques, atraindo faltas perigosas e bolas paradas. Já o visitante, travado na circulação, demorou para achar linhas de apoio e sofreu para criar vantagem numérica por dentro.

Depois do intervalo, a história mudou. Com mais gente entre linhas, amplitude aberta por Yamal e ataques coordenados ao espaço às costas dos laterais, o Barcelona encontrou o ritmo. O time passou a recuperar alto, encurtou a transição defensiva e obrigou o Levante a se defender mais tempo do que gostaria. Não foi sobre volume cego, mas sobre qualidade de posse: quando a bola chegou limpa ao terço final, as escolhas foram melhores.

Pedri foi o gatilho da reação, não só pelo gol, mas pela capacidade de atrair marcação e liberar o passe vertical. Ferran, com mobilidade, atacou o primeiro poste e apareceu de surpresa no espaço morto. E Lamine Yamal, mesmo jovem, trouxe algo que faltava: aceleração com controle. O cruzamento que decidiu o jogo não nasceu do nada; foi consequência de uma sequência de duelos vencidos na ponta e da insistência em ocupar a área com gente.

Para o Levante, fica a frustração do quase. O plano funcionou por 45 minutos e mais um pouco. Houve concentração, leitura e frieza na batida de Morales. Faltou, porém, repouso com a bola na segunda etapa para quebrar o ímpeto adversário. Quando o jogo pedia pausas, as saídas rápidas viraram perdas de posse, e isso aumentou o tempo de defesa contínua, que cobra preço físico e mental.

Em termos de tabela, o recado é direto: o Barcelona soma seis pontos nas duas primeiras rodadas (2–0–0) e sustenta um início perfeito na liga. Além disso, vence fora de casa virando um 2–0, um tipo de partida que pesa no vestiário e cria lastro emocional para momentos duros lá na frente. O Levante segue zerado (0–0–2), mas com desempenho suficiente para acreditar que, ajustando detalhes, os resultados virão. Perder assim dói, mas também ensina.

No ambiente, o Ciutat de València viveu três atos bem marcados: explosão com o 1–0 de Romero, alívio com o pênalti convertido por Morales antes do intervalo e silêncio depois do empate relâmpago. Nos acréscimos, a cena do gol contra resumiu a noite: uma fração de segundo de indecisão em escanteio aberto vira fatal quando a área está povoada e a bola cruza a linha da pequena área.

Sem números oficiais, dá para apontar tendências claras. No primeiro tempo, o Levante comandou o ritmo e criou as ocasiões mais limpas. Na etapa final, o visitante acumulou mais ações no terço final, finalizou melhor e empurrou o adversário para o seu gol. Esse balanço de 45 contra 45 dificilmente termina com o placar a favor de quem cedeu o controle na reta final — e não terminou.

Como ficaram os protagonistas? Pablo Cuñat fez defesas seguras e não teve culpa direta nos gols sofridos antes do lance final. Elgezabel, que vinha em atuação firme, virou símbolo involuntário do desfecho. Adrián de la Fuente e Cabello batalharam no jogo aéreo, Manu Sánchez segurou bem até o cansaço cobrar. No meio, Orio Rey e Pablo Martínez sustentaram as coberturas enquanto havia perna. Na frente, Romero foi oportunista e Morales, frio na marca da cal.

Do outro lado, o visitante encontrou em Yamal a faísca, em Pedri o cérebro e em Ferran a presença de área que faltava. As mexidas do treinador — mais de posicionamento que de peças — encurtaram as distâncias entre setores e destravaram a posse. Quando o time passou a atacar com cinco em linha e voltar com cobertura coordenada, o jogo virou.

Os cinco momentos que contaram a história do 3–2:

  • 15' — Iván Romero abre o placar, 1–0 Levante.
  • 45+7' — Morales converte pênalti e amplia: 2–0.
  • 49' — Pedri desconta com chute colocado: 2–1.
  • 52' — Ferran Torres empata em chegada de área: 2–2.
  • 90+1' — Cruzamento de Lamine Yamal, confusão na pequena área e gol contra de Unai Elgezabel: 2–3.

Três lições que a partida deixa:

  • Resiliência decide campeonato. Virar um 2–0 fora, cedo na temporada, muda a conversa no vestiário.
  • Amplitude com desequilíbrio individual abre portas. Yamal não apenas driblou; obrigou a defesa a reagir um passo atrasada.
  • Gestão de vantagem é mais que defender baixo. O Levante precisa segurar a bola para respirar quando estiver vencendo.

Calendário longo pede mais do que boas atuações isoladas. Para quem venceu, vale manter o padrão de segundo tempo desde o apito inicial. Para quem perdeu, o recado é simples: a plataforma está ali, o ajuste é de controle e tomada de decisão nos minutos críticos. Em LaLiga, os detalhes não perdoam — e a noite em Valência provou isso.