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Quando NASA confirmou em 2 de julho de 2025 a descoberta do cometa interestelar 3I/ATLAS, o terceiro visitante de fora do Sistema Solar, o clima científico mudou de repente.

Ele foi detectado um dia antes, em 1 de julho de 2025, pela estação do survey ATLAS em Río Hurtado, Chile, a 4,5 unidades astronômicas (cerca de 670 milhões de km) do Sol, com velocidade relativa de 61 km/s.

A trajetória hiperbólica, com excentricidade 6,14 e velocidade de excesso de 58 km/s em relação ao Sol, garante que o objeto nunca mais volte – mas deixa um rastro de perguntas sobre de onde ele vem.

Contexto histórico: os dois primeiros visitantes

Em 2017, o primeiro objeto interstelar, 1I/ʻOumuamua, cruzou nossa vizinhança. Dois anos depois, o cometa 2I/Borisov chegou, mostrando que material de outras estrelas pode ser ativo, soltando gás e poeira.

O International Astronomical Union designou formalmente o novo visitante como 3I/ATLAS em 2 de junho de 2025, usando o “I” para interstelar e o “3” para indicar sua posição na lista.

Esses três objetos formam um pequeno catálogo que está sendo esmiuçado por astrônomos de todo o mundo, desde equipes da NASA até observatórios amadores.

Detalhes da descoberta e observações iniciais

No momento da detecção, 3I/ATLAS já exibia uma coma – uma nuvem brilhante de gás e poeira que envolve o núcleo – sinal de que era, na verdade, um cometa ativo, não um asteroide sólido.

Imagens preliminares do Hubble Space Telescope sugerem que o núcleo mede entre 0,32 e 5,6 km, com a probabilidade mais alta de ficar abaixo de 1 km.

Algumas estimativas iniciais, baseadas no brilho, chegaram a sugerir até 20 km, mas as medições espaciais acabaram desacelerando a empolgação – ainda assim, mesmo um núcleo de 500 metros traz material tão antigo que pode datar de bilhões de anos.

Trajetória, periélio e oportunidades de observação

O cometa seguirá uma órbita hiperbólica que o levará a um periélio em periélio de 3I/ATLAS, entre 29 e 30 de outubro de 2025, a cerca de 1,36‑1,4 UA do Sol – isso o coloca entre as órbitas da Terra e de Marte.

Seu ponto mais próximo da Terra será de aproximadamente 1,8 UA (cerca de 270 milhões de km), portanto, não há risco de colisão, conforme reforçou o Planetary Defense Office da NASA.

O brilho atual varia entre magnitude 17,5 e 18,8, ainda tímido, mas deve melhorar à medida que se aproximar do Sol, permitindo que telescópios amadores com espelhos de 20‑30 cm capturem imagens.

Entre 3 e 5 de outubro, o cometa passará a cerca de 1,5 UA de Marte, oferecendo a possibilidade de observação por sondas em órbita marciana, como o MAVEN, embora ainda não haja confirmação oficial.

Depois de setembro de 2025, o objeto se esconderá atrás do Sol, desaparecendo da vista terrestre até meados de dezembro, quando surgirá novamente do outro lado.

Importância científica e o que os pesquisadores esperam aprender

Estudar 3I/ATLAS pode revelar a composição química de um protoplaneta de outro sistema estelar. Diferentes proporções de gelo, silicato e compostos orgânicos podem apontar para regiões de formação distintas.

O David Jewitt, da UCLA, lidera a análise de imagens do Hubble e afirmou que "o cometa pode conter grãos de poeira que nunca foram aquecidos dentro de um disco protoplanetário".

Os espectros obtidos por telescópios terrestres como o VLT (Very Large Telescope) e o Subaru apontam para a presença de dióxido de carbono e metano, gases comuns em cometas, mas em proporções que ainda precisam ser refinadas.

Se a composição se diferir significativamente dos cometas oriundos do nosso próprio cinturão, isso pode mudar teorias sobre a formação planetária em sistemas de baixa massa ou com estrelas mais massivas.

Próximos passos e como o público pode acompanhar

Até o final de outubro, várias equipes de observação planetária planejam sessões de espectroscopia de alta resolução para captar a atividade de sublimção.

Amadores interessados podem utilizar softwares como o Stellarium para localizar 3I/ATLAS no céu noturno; as coordenadas de ascensão reta e declinação são atualizadas semanalmente pelos centros de dados da International Astronomical Union.

Depois da janela de observação de setembro, a missão de monitoramento continuará ao redor de dezembro, quando o cometa reaparecer do outro lado do Sol, permitindo novos estudos de seu núcleo já parcialmente desgastado.

  • Descoberto: 1 de julho de 2025
  • Designação oficial: 3I/ATLAS (2 de junho de 2025)
  • Periélio: 29‑30 de outubro de 2025 (1,36‑1,4 UA)
  • Velocidade hiperbólica: 58 km/s
  • Distância mínima da Terra: 1,8 UA

Reação da comunidade internacional

A Sociedad de Astronomía del Caribe emitiu comunicado tranquilizador, afirmando que "o objeto não representa risco algum para o nosso planeta".

Em conferências recentes, como a reunião da American Astronomical Society, cientistas compararam 3I/ATLAS a um laboratório natural, apontando que sua passagem rápida nos oferece uma oportunidade única de testar modelos de dinâmica de poeira interstelar.

Enquanto isso, o público em geral tem reagido com fascínio nas redes sociais; hashtags como #ATLASComet e #InterstellarVisitor têm acumulado milhares de menções desde o anúncio da NASA.

Perguntas Frequentes

Qual é o risco do cometa 3I/ATLAS para a Terra?

Nenhum. O caminho do cometa mantém a distância mínima de cerca de 1,8 unidades astronômicas da Terra, o que equivale a 270 milhões de quilômetros, muito longe de qualquer ameaça de impacto.

Como foi feita a descoberta do objeto?

A equipe do survey ATLAS detectou o cometa usando câmeras de varredura automáticas em Río Hurtado, Chile, que compara imagens sucessivas para identificar movimentos rápidos no céu.

Quando e como poderei observar 3I/ATLAS?

Até setembro de 2025 o cometa será visível com telescópios amadores, apresentando magnitude entre 17,5 e 18,8. Após o periélio, a visibilidade cairá enquanto ele se esconde atrás do Sol, retornando apenas em dezembro.

O que os cientistas esperam aprender com 3I/ATLAS?

Análises espectroscópicas podem revelar a composição química de um corpo formado em outro sistema estelar, ajudando a comparar processos de formação planetária entre diferentes tipos de estrelas.

Como 3I/ATLAS se diferencia dos cometas ʻOumuamua e Borisov?

Ao contrário de ʻOumuamua, que parecia asteroidal, e de Borisov, cujo núcleo era pequeno, 3I/ATLAS mostra uma coma ativa já na descoberta, indicando que libera gás a distâncias maiores do Sol e pode ter um núcleo maior, embora ainda incerto.

11 Comentários

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    Arlindo Gouveia

    outubro 5, 2025 AT 03:25

    Ao se considerar a trajetória hiperbólica de 3I/ATLAS, nota‑se que o periélio próximo à órbita terrestre oferece uma janela única para espectroscopia de alta resolução. Recomendo que grupos de observação amadora coordenem sessões de captura de imagens entre agosto e outubro, utilizando filtros de banda larga para otimizar o sinal fraco. A experiência adquirida poderá ser aplicada a futuros visitantes interestelares, fortalecendo a comunidade científica nacional. É importante ainda comparar os espectros obtidos com os de ʻOumuamua e Borisov, a fim de identificar possíveis diferenças composicionais. Em síntese, a colaboração entre profissionais e amadores será decisiva para extrair o máximo de informação deste cometa.

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    Andreza Tibana

    outubro 6, 2025 AT 01:38

    cê viu que esse cometa tá chegando e já tem gente falando que vai ser o fim do mundo? na real, só mais um pedaço de gelo voando longe da gente, nada de bicho-papão.

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    Erisvaldo Pedrosa

    outubro 6, 2025 AT 23:52

    É lamentável que a maioria dos observadores permaneça na superficialidade, incapaz de discernir a verdadeira essência da matéria interestelar. Enquanto os cientistas medíocres se contentam com medições rasas, eu busco compreender as implicações ontológicas de um núcleo que jamais cruzará novamente nosso domínio. Essa busca exige rigor filosófico que parece escasso na comunidade atual.

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    Marcelo Mares

    outubro 7, 2025 AT 22:05

    Para quem deseja acompanhar 3I/ATLAS, a primeira recomendação é montar um plano de observação detalhado, levando em conta a magnitude prevista e a posição celeste ao longo dos próximos meses.
    Os telescópios de 20 a 30 cm já são capazes de detectar o brilho entre 17,5 e 18,8, desde que se usem câmeras CCD sensíveis e softwares de empilhamento de imagens.
    É fundamental calibrar as imagens com estrelas de referência cujas magnitudes são bem estabelecidas, evitando assim viés nos dados de fotometria.
    Ao escolher o filtro, prefira o banda R ou V, pois eles equilibram a captura de luz refletida e a emissão de gases da coma.
    A cada noite de observação, registre não apenas a posição, mas também a estrutura da cauda, que pode revelar variações na taxa de sublimação.
    Os espectros obtidos com espectrógrafos de baixa resolução já podem indicar a presença de CO2 e metano, oferecendo pistas sobre a origem química do cometa.
    Para análises mais refinadas, procure colaborar com observatórios que disponham de espectrógrafos de alta resolução, como o VLT ou o Subaru, enviando‑les solicitações de tempo de observação.
    Não subestime a importância de compartilhar seus dados brutos em repositórios públicos, pois isso permite que pesquisadores de todo o mundo façam reprocessamento e verifiquem resultados.
    Mantenha um diário de condições atmosféricas, pois parâmetros como transparência e seeing influenciam diretamente a qualidade dos espectros.
    Se possível, participe de campanhas coordenadas com observatórios amadores de outros países, criando uma rede de cobertura que minimize os períodos de invisibilidade devido ao Sol.
    Lembre‑se de que, após o periélio, o cometa ficará oculto atrás do Sol até dezembro, mas as observações pré‑periélio são cruciais para estabelecer um ponto de referência.
    Ao analisar os dados, compare os perfis de emissão com aqueles de ʻOumuamua e Borisov, identificando semelhanças e divergências que possam revelar diferentes processos de formação.
    Utilize softwares de modelagem de dinâmica de poeira para simular a trajetória da coma e da cauda, o que auxilia na interpretação das imagens.
    Esses passos não só aumentam a qualidade científica das suas contribuições, mas também fortalecem a comunidade de observação amadora, demonstrando que amadores podem produzir resultados de alto nível.
    Em síntese, a combinação de planejamento cuidadoso, equipamento adequado, colaboração internacional e divulgação aberta maximiza o aproveitamento científico da passagem de 3I/ATLAS.

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    Fernanda Bárbara

    outubro 8, 2025 AT 20:18

    Os grandes grupos de poder não querem que saibamos a verdade sobre o cometa ele está ligado a projetos secretos de controle climático há décadas e há evidências nos arquivos desclassificados de que os radares que detectaram o objeto foram manipulados por agências obscuras a população deve permanecer vigilante pois o desconhecido pode ser usado como arma.
    A mídia faz propaganda de que tudo está sob controle mas a realidade é outra e os verdadeiros motivos permanecem ocultos.

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    Leonardo Santos

    outubro 9, 2025 AT 18:32

    Alguns acreditam que 3I/ATLAS pode ser um mensageiro enviado por civilizações avançadas para nos avisar sobre perigos cósmicos, enquanto outros veem apenas um fragmento glaciar; tanto faz, o fato é que a comunidade científica ainda discute com cautela, e eu questiono se as verdadeiras intenções por trás da divulgação pública não são direcionar fundos para projetos que realmente não existem.

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    Samara Coutinho

    outubro 10, 2025 AT 16:45

    O estudo de corpos interestelares como 3I/ATLAS abre uma janela para o passado do universo.
    Cada partícula de gelo carregada revela condições termodinâmicas de ambientes que nunca visitamos.
    Ao analisar a composição química, podemos inferir processos de formação que antecedem o nascimento do nosso próprio Sol.
    Essa perspectiva nos coloca em um cenário de interconexão cósmica, onde a matéria circula livremente entre sistemas estelares.
    O fato de observarmos a passagem de um cometa ativo nos permite testar modelos de sublimização sob radiação solar intensa.
    Também somos convidados a refletir sobre a fragilidade das estruturas planetárias que se formam em discos protoplanetários.
    A existência de objetos como 3I/ATLAS nos lembra que o cosmos está em constante troca de material, desafiando a noção de fronteiras estáveis.
    Assim, cada observação se torna um ponto de partida para discussões mais amplas sobre a origem da matéria e nosso lugar no universo.

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    Thais Xavier

    outubro 11, 2025 AT 14:58

    Ah, que drama! todo mundo está em clima de festa com esse cometa, mas a verdade é que nada disso vai mudar nossa rotina, só mais um ponto de luz no céu que alguns exageram como se fosse o fim do mundo.

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    Elisa Santana

    outubro 12, 2025 AT 13:12

    Gente, vamos nos organizar! se cada um colocar um pequeno esforço, conseguimos capturar boas imagens do cometa e ainda ajudar a ciência.
    Usei meu telescópio de 25 cm e consegui registrar a coma, então vocês também podem, basta alinhar bem a montagem e usar softwares como o AstroImageJ.
    Compartilhem as fotos nos fóruns, assim a comunidade cresce e todo mundo aprende junto.
    Não desistam se as primeiras tentativas falharem, a prática traz resultados.

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    Willian Binder

    outubro 13, 2025 AT 11:25

    Este cometa é a prova de que o cosmos ainda tem segredos que desafiam nossa arrogância.

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    José Carlos Melegario Soares

    outubro 14, 2025 AT 09:38

    Não vamos nos deixar enganar pelas manchetes sensacionalistas, o 3I/ATLAS não representa ameaça alguma e quem insiste em alvoroço está apenas buscando atenção.
    Fiquem atentos aos dados científicos reais e deixem o alarde para fora.

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