Uma viagem pela história e pelo impacto de Glória Maria
Pouca gente marcou tanto o jornalismo brasileiro quanto Glória Maria. Para lembrar essa trajetória impressionante, a Globo prepara o lançamento da série documental 'Gloria', que começa a ser exibida no dia 27 de abril. Os quatro episódios vão ao ar nos domingos, logo após o Fantástico, puxando o público para dentro de mais de cinco décadas de reportagens, viagens e momentos históricos da televisão.
A produção não chega à tela à toa: ela faz parte das comemorações pelos 60 anos da Globo, e deixa claro que o nome de Glória Maria está gravado para sempre na história da emissora. Desde sua primeira transmissão ao vivo em 1971, ela já mostrava que não estava ali para cumprir protocolo. Com uma carreira de 52 anos, Glória foi pioneira em muitos sentidos — abriu caminhos num ambiente cheio de barreiras, inclusive como mulher preta chegando a postos de protagonismo num tempo em que isso mal era cogitado pelos chefes das redações.
Depoimentos inéditos e bastidores do jornalismo na série 'Gloria'
O documentário aposta alto na mistura de histórias emocionantes e bastidores pouco conhecidos. Entre os depoimentos, nomes de peso: Djavan, Maria Bethânia, Roberto Carlos, Pedro Bial, Mano Brown, Emicida e Maju Coutinho ajudam a contar quem foi Glória não só na TV, mas também longe das câmeras. O grande diferencial, no entanto, está nos relatos das filhas da jornalista, Maria e Laura, que trazem visões íntimas de uma mãe que o Brasil conhecia como símbolo de coragem e elegância.
A direção de Danielle França e o roteiro de Paulo Sampaio costuram cenas que vão além do clichê e resgatam reportagens icônicas. Um exemplo: Glória cobriu, ainda nos anos 1980, a Guerra das Malvinas, mostrando desde cedo seu talento para encarar qualquer pauta, seja ela de cotidiano, política internacional ou cultura pop. A série também mergulha nas entrevistas com estrelas internacionais. Nomes que lotam arenas e capas de revista aparecem em seu portfólio: Michael Jackson, Madonna, Freddie Mercury, Harrison Ford, Nicole Kidman e Leonardo DiCaprio foram só alguns dos que encararam perguntas de Glória — sempre com seu jeito simpático, mas firme.
Não faltam na minissérie momentos em que a jornalista enfrentou críticas e desafios, inclusive preconceito e machismo, e como transformou obstáculos em combustível para alavancar sua carreira ainda mais. A produção faz questão de mostrar como Glória Maria virou referência não só pelas reportagens, mas também por inspirar gerações de profissionais pretos a buscar espaço em um ambiente tantas vezes excludente.
Para quem quer revisitar os episódios ou perder algum na TV, todos estarão disponíveis no Globoplay. Vale acompanhar cada episódio e rever como a trajetória de Glória Maria foi, em muitos momentos, a história da própria transformação do jornalismo brasileiro na telinha.
Mariana Basso Rohde
abril 21, 2025 AT 02:30Essa série tá sendo um abraço coletivo na tela, e isso é raro.
Não é só sobre ela - é sobre todas as mulheres negras que entraram em redações e foram tratadas como 'exceção' em vez de 'regra'.
Quando ela entrevistou Michael Jackson e ele sorriu como se fosse um amigo, foi o momento em que a TV brasileira deixou de ser colonial e virou humana.
Ana Larissa Marques Perissini
abril 22, 2025 AT 22:16ela fez boas matérias, claro, mas a Globo tá usando ela pra disfarçar que ainda não tem 10% de negros na redação.
e olha que eu amo ela, mas isso aqui é pura performance.
se fosse verdade, já tinha tido uma diretora negra em 1990.
agora que ela morreu, tá na moda.
isso é triste, não homenagem.
Jéssica Ferreira
abril 24, 2025 AT 12:14Quando eu tinha 14 anos, assisti a uma reportagem dela sobre comunidades ribeirinhas e chorei porque ninguém nunca tinha me mostrado que minha voz importava.
Essa série não é só sobre Glória - é sobre todas as meninas que ainda estão tentando entrar em salas que não foram feitas para elas.
Se vocês assistirem, não só vejam. Pensem: o que eu posso fazer pra abrir mais portas?
Rogério Perboni
abril 24, 2025 AT 12:28Existem figuras históricas do jornalismo brasileiro que mereciam mais atenção - como Paulo Francis, que realmente transformou o discurso político.
E não se esqueçam: o jornalismo não é sobre emoção, é sobre rigor.
Essa narrativa sentimentalista é típica da cultura de vitimização que a mídia moderna cultiva.
Se quiserem homenagear, publiquem um arquivo de suas reportagens, não um reality show emocional.
Fernanda Dias
abril 25, 2025 AT 06:28