Quando Santos Dumont, o aeroporto que serve o coração do Rio de Janeiro, sofreu um vazamento de óleo hidráulico na pista principal, a situação virou manchete nacional. O incidente aconteceu na madrugada de , às 03h00, durante uma manutenção preventiva coordenada pela Infraero. Mais de 170 voos foram cancelados, cerca de 16 mil passageiros ficaram aguardando reacomodação e o terminal permaneceu fechado por aproximadamente 12 horas, reabrindo às 18h30.
Contexto e antecedentes
O Aeroporto Santos Dumont – oficialmente Aeroporto Santos Dumont (SDU) – está localizado na zona portuária do Rio, a poucos quilômetros da praia de Botafogo. Em 2025 ele registrou cerca de 30 mil passageiros diários, tornando‑se o décimo aeroporto mais movimentado do Brasil com 2,4 milhões de viajantes entre janeiro e maio. Historicamente, o SDU já enfrentou interrupções, mas nenhuma tão extensa quanto a de setembro, quando um caminhão "desemborrachador" derramou cerca de 200 litros de óleo na pista de 1.323 metros de comprimento por 42 metros de largura.
Detalhes do incidente
Segundo o relatório preliminar da Infraero, o vazamento teve origem no motor do caminhão que realizava limpeza de resíduos antes da abertura das primeiras voos do dia. O equipamento operava fora do horário comercial (06h–23h) e, ao detectar o derramamento, a equipe acionou imediatamente os protocolos de segurança. A pista foi interditada, e a equipe de emergência utilizou um desengraxante biodegradável para evitar contaminação do solo, especialmente porque a área recebe grande fluxo de aeronaves de grande porte.
Durante o fechamento, 14 voos foram desviados para o Aeroporto Tom Jobim, na Ilha do Governador. A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) informou que 80 chegadas e 82 partidas foram suspensas, totalizando 162 voos ainda em solo carioca. O efeito cascata chegou até Brasília, onde a concessionária Inframerica cancelou 12 chegadas e 10 partidas destinadas ao SDU.
Reações e respostas das autoridades
Mariana Lopes, porta‑voz da Infraero, declarou em entrevista: “A segurança dos passageiros e das aeronaves é nossa prioridade absoluta. Assim que identificamos o vazamento, isolamos a pista e iniciamos a limpeza com produtos certificados. O atraso no retorno das operações foi inevitável, mas garantimos que nada foi comprometido”.
A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) orientou os viajantes a procurar o balcão de atendimento ou os canais digitais das companhias para remarcações e reembolsos. "Não recomendamos que os passageiros retornem ao aeroporto antes da liberação oficial da pista", afirmou o diretor de Operações da ANAC, Rafael Duarte.
O especialista em aviação Prof. João Carlos de Souza, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, explicou que “quando há derramamento de óleo em pista, a limpeza completa é mandatória porque o risco de derrapagem aumenta exponencialmente, principalmente em pousos de aeronaves de carga”. Ele acrescentou que incidentes semelhantes ocorreram em Guarulhos (2019) e no Galeão (2022), mas nunca com impacto tão imediato sobre um aeroporto tão central.
Impacto nos passageiros e nas companhias aéreas
Os números são impressionantes: 162 voos cancelados no Rio, 22 em Brasília, e mais de 16 mil passageiros desalojados. Companhias como LATAM, Gol e Azul tiveram que apagar e reprogramar horários, gerando custos operacionais estimados em R$ 8,9 milhões apenas em taxas de realocação e combustível extra para voos desviados.
Além do prejuízo financeiro, o episódio provocou um efeito dominó nos aeroportos do Sudeste. O aeroporto de Campinas (Viracopos) recebeu um aumento espontâneo de 3% nas chegadas nas primeiras 24h após o fechamento, enquanto o Rio de Janeiro sofreu queda de 12% no número de decolagens entre 15h e 23h do mesmo dia.
Próximos passos e lições aprendidas
Com a pista totalmente liberada, a Infraero anunciou a extensão do horário de funcionamento do SDU até 01h00 nas próximas duas semanas, para acomodar voos atrasados. Uma auditoria interna será conduzida para revisar os procedimentos de manutenção fora do horário de pico e avaliar a necessidade de novos equipamentos anti‑derramamento.
Analistas da Abear recomendam que aeroportos com alta frequência de voos curtos adotem um padrão de inspeção de motores de veículos de manutenção a cada 6 meses, reduzindo assim a probabilidade de falhas mecânicas semelhantes.
Para os passageiros, a mensagem da ANAC permanece clara: “Fique atento aos canais de comunicação das companhias, e aproveite o direito de reacomodação sem custos adicionais”. Enquanto isso, o SDU segue operando normalmente, mas com um olhar mais atento à segurança da pista.
Perguntas Frequentes
Quantos voos foram cancelados realmente?
A Infraero contabilizou 162 voos suspensos no próprio Santos Dumont, enquanto a Abear informou 80 chegadas e 82 partidas. Somando desvios para o Tom Jobim, o total ultrapassa 170 voos.
Qual foi a causa exata do vazamento?
O óleo hidráulico vazou do motor do caminhão "desemborrachador" que realizava a limpeza da pista às 03h00. Uma falha mecânica no selo do motor liberou cerca de 200 litros de óleo sobre a superfície de aterrissagem.
Como os passageiros foram compensados?
A ANAC orientou as companhias a oferecer reacomodação em outro voo, direito à escolha de nova data ou reembolso integral. Muitos utilizam aplicativos de reserva para remarcar sem custo adicional.
O que mudou nos procedimentos de manutenção?
A Infraero lançou um plano de revisão que inclui inspeções trimestrais nos veículos de manutenção, treinamento reforçado para evitar operação fora de horário de pico e a adoção de sensores de vazamento em equipamentos críticos.
Qual foi o impacto econômico para as companhias aéreas?
Estima‑se que as companhias aéreas tenham perdido cerca de R$ 8,9 milhões em custos operacionais, incluindo combustível, taxas de pouso em aeroportos alternativos e indenizações aos passageiros.
Tais Tais
outubro 1, 2025 AT 20:42É uma pena que um ícone como o Santos Dumont tenha sido derrubado por um simples vazamento, ainda mais num bairro tão cheio de história e música. A energia do Rio merece infraestruturas que honrem esse legado, então vamos torcer para que o aumento do horário de operação ajude a compensar o transtorno.
jasiel eduardo
outubro 6, 2025 AT 11:49Concordo, a situação foi bem desagradável, mas a Infraero agiu rapidamente e priorizou a segurança dos passageiros.
Fábio Santos
outubro 11, 2025 AT 02:56O vazamento de óleo no Santos Dumont não é mero incidente isolado, mas parte de um padrão oculto de negligência sistêmica que vem sendo encoberto pelas autoridades aeroportuárias.
Desde a crise de 2019 em Guarulhos até o recente episódio no Galeão, há um histórico de falhas de manutenção que nunca são investigadas a fundo.
Os relatórios superficiais que recebem destaque na mídia são apenas a ponta do iceberg, pois a maioria das inspeções são manipuladas por empresas que têm interesses financeiros em manter os portões abertos.
A presença de um caminhão "desemborrachador" operando fora do horário comercial levanta suspeitas sobre acordos internos que permitem atividades clandestinas em troca de contratos milionários.
Além disso, o uso de desengraxantes biodegradáveis pode ser apenas uma fachada verde para disfarçar a real extensão da contaminação do solo que ameaça a vida marinha da Baía de Guanabara.
Os técnicos que detectaram o derramamento foram rapidamente substituídos por equipes externas, o que indica uma tentativa de silenciar testemunhas.
As companhias aéreas, como LATAM, Gol e Azul, foram forçadas a desviar voos, gerando custos de milhões de reais que acabam sendo repassados aos consumidores.
O fato de a ANAC ter orientado os passageiros a esperar por reacomodação sem oferecer compensação imediata mostra uma falha na defesa dos direitos dos consumidores.
Existe ainda a hipótese de que o óleo utilizado no caminhão seja proveniente de uma fonte não certificada, aumentando o risco de derrapagens e acidentes graves.
A auditoria interna prometida pela Infraero pode se tornar apenas mais um documento de papel, sem consequências reais para os responsáveis.
Para evitar futuros incidentes, seria imprescindível implementar sensores de vazamento em tempo real, algo que já é padrão em aeroportos europeus.
A comunidade científica, liderada pelo Prof. João Carlos de Souza, já alertou para a necessidade de restrições mais rígidas nas operações de manutenção fora do horário de pico.
Enquanto isso, os passageiros continuam pagando tarifas altas, sem saber que seu dinheiro está financiando uma estrutura cheia de brechas.
Os meios de comunicação, ao focarem apenas no número de voos cancelados, deixam de discutir o impacto ambiental e a segurança aérea a longo prazo.
Portanto, é fundamental que a população exija transparência total e a responsabilização dos gestores envolvidos.
Só assim poderemos garantir que o Santos Dumont siga sendo um símbolo de inovação, e não um palco de negligência encoberta. 😊
Camila Mayorga
outubro 15, 2025 AT 18:02Se refletirmos sobre o derramamento, percebemos que cada gota de óleo sobre o asfalto conta uma história sobre a fragilidade das nossas estruturas; onde há descuido, há oportunidade de aprendizado. :)
Robson Santos
outubro 20, 2025 AT 09:09O incidente evidencia lacunas operacionais que demandam revisão imediata dos protocolos de manutenção, a fim de evitar recorrência.
valdinei ferreira
outubro 25, 2025 AT 00:16É lamentável, realmente, que tal situação tenha ocorrido; porém, devemos reconhecer o esforço da Infraero, que agiu com rapidez, utilizando equipamentos adequados, e ainda assim, o tempo de fechamento foi inevitável, gerando transtornos consideráveis aos passageiros.
Brasol Branding
outubro 29, 2025 AT 15:22Pior dia.
Fábio Neves
novembro 3, 2025 AT 06:29Alguns acreditam que esse foi apenas um acidente, mas eu vejo que há interesses ocultos por trás. A manutenção fora do horário usual sempre gera dúvidas, e o fato de não haver transparência reforça minha suspeita. De qualquer forma, será que a imprensa vai investigar a fundo?
Raphael D'Antona
novembro 7, 2025 AT 21:36A falta de fiscalização é evidente.
Eduardo Chagas
novembro 12, 2025 AT 12:42É inconcebível que a burocracia permita que um simples caminhão cause tanto caos; enquanto os executivos se escondem atrás de relatórios, os passageiros sofrem na fila, e o rio parece chorar por cada gota de óleo derramada.